(até último terço do séc. XVIII)
Os ciganos já habitavam a Espanha 350 anos antes do nascimento dessa arte e, não há como pensar na história do cante andaluz sem relacioná-lo com os núcleos gitanos que se formaram nas populações da Andaluzia. Paralelamente à formação desses núcleos houve um período de apogeu das danças e cantos populares em todo o país, cujo rastro pode ser encontrado posteriormente nos estilos dos cantes andaluzes e/ou flamencos. A este processo devemos acrescentar o legado deixado por importantes culturas numa zona geográfica que foi uma encruzilhada privilegiada e fundamental de povos que habitaram a Espanha.
(1765- 1860)
Este período é pouco conhecido mas é certo que o cante nasceu numa pequena região da baixa Andaluzia — Triana, Jerez e Cadiz e seus arredores.
Possivelmente, os primeiros estilos flamencos derivam do Romance Castellano e se cantaria a palo seco, ou seja, sem acompanhamento de instrumento musical. Em seguida surgiriam as Seguiriyas e as Soleás, frutíferas árvores do cante e tudo se desenvolveria a partir daí.
(1860-1910)
Surgimento dos primeiros Cafés Cantantes, locais onde eram realizados espetáculos em que o baile era um dos maiores atrativos e a guitarra se desenvolvia paralelamente ao baile.
Silvério Franconetti é um dos maiores responsáveis pelo florescimento desse período.
Em Jerez surgem vários seguiriyeros e tanto Sevilha como Cadiz tornam-se importantes núcleos de Soleáres.
(1910-1955)
Foi a primeira tentativa de massificação do Flamenco. Nesse período predominavam os espetáculos formados por cartéis de artistas que, em suas turnês, apresentavam em locais que comportavam uma grande audiência, como as praças de touros, a preços populares. Estes espetáculos rebaixaram a qualidade do cante Flamenco, valorizando os cantes por fandangos e os cantes de ida e volta dominavam o panorama. Foi quando o baile passou a se configurar como formação teatral, do mesmo modo que as companhias de ballet.
Os intelectuais marcaram presença no grande concurso de cante de Granada.
(1955-1985)
Uma série de acontecimentos levaram a uma revalorização do flamenco, muito degradado na época operística. É o auge dos tablados, surgem as primeiras Antologias discográficas e são publicados livros de interesse. Os concursos reaparecem com força total.
Antonio Mairena ganha a terceira chave de ouro em concurso de cante e inicia um movimento de divulgação e dignificação do Flamenco.
(1985 até hoje)
A partir de 1985, percebem-se novos ares, e a com a influência revolucionária da guitarra de Paco de Lucia, o Flamenco se contagia de outras músicas e passa a incluir novos instrumentos em sua execução, como o piano, o sax , a flauta , o baixo, entre outros.
Surgem os grupos Ketama e Pata Negra que, entre outros, trazem todo tipo de inovação e experimentação para o Flamenco.
Enrique Morente é considerado um dos mais influentes inovadores desse período que continua até os dias de hoje.
"El Arte Flamenco nó és excesivamente viejo, lo parece pero no és...."
"En el eje Sevilla, Jerez y Cadiz, los gitanos encontraron lugares donde asentarse y renunciar a su secular nomadismo".
"El Flamenco primitivo, el arte gitano puro, que aún permanecia desarrollandose en el cerrado circulo caló sevillano gaditano, no se aventura a valerse de un soporte musical, el de la guitarra, hasta que se abren los primeros cafés cantantes, és decir, cuando el Flamenco sale yá del anonimato."
"El cante flamenco és una expresión musical que arrastra una mezcolanza tal de voces que ni es paya, ni gitana, ni morisca, ni andaluza. Ninguno de estos pueblos tiene la primacía o monopolio del flamenco."
Angel Alvarez Caballero